14 de outubro de 2008

Concurso Niterói Shopping - Dia 3

Faço questão de começar comentando a qualidade das apresentações. Estive em todos os sábados e esse foi o mais forte disparado. Não é a toa que três bandas finalistas do ano passado ficaram pelo caminho.


A primeira banda a se apresentar foi a Funny Day. A banda é bem redondinha e faz bem o que se propõe a fazer. No meu ponto de vista falta um pouco de originalidade, pois mal pude distinguir a cover das duas próprias. As composições em si eram bem legais, principalmente a mais lenta, porém não consegui entender por que Geribá foi mencionada nas duas letras, ainda mais por que é uma rima fácil de substituir para não ficar repetitivo. Se isso acontecesse em um cd talvez fosse um detalhe que passasse despercebido, porém num show de três músicas chama bastante atenção. Outro ponto que achei que a banda pecou foi na presença de palco. Já tinha visto outras apresentações da banda e sei que são mais animados. Os integrantes pareceram intimidados por terem aberto o show com o público ainda muito desanimado. Num concurso onde isso é um quesito que vale ponto, você tem é que fazer o seu sem se preocupar se o público condiz ou não com a sua animação. Juntando esses pequenos erros com o fato de estarem numa eliminatória bastante forte não tiveram chance de passar para a final.


Depois veio a The Knuts para provar o que eu disse sobre a Funny Day. Os caras fizeram um show totalmente fora de contexto e não estavam nem aí. Foi engraçado ver a cara de horror das senhoras no shopping aos cabelos dos integrantes. A reação natural de quem está fazendo um espetáculo é se adequar ao público que você toca como fez a Funny Day. Porém se você veio com uma proposta para um concurso, você deve executá-la da melhor forma possível sem depender da reação do público. Voltando para o show em si, eu não entendi direito se foram duas músicas ou se foi uma só. Se foi uma só, a introdução nada tinha a ver com a sua continuação. As partes separadas eram muito boas, porém não entendi direito a ligação que eles fizeram entre as duas. Às vezes essa é a intenção, o Dream Theater, por exemplo, faz muito isso, porém pode acabar atrapalhando a mensagem que a música quer passar. Como eu não sei se a intenção era a mensagem ou a falta de mensagem deixo apenas registrado essa estranheza que senti ao ouvir a música. A única falha na apresentação foi que durou apenas nove minutos. Porém não os culpo e sim a organização do evento. O baterista era canhoto e banda demora um tempo a mais para se organizar, e como no ano passado eles perderam pontos por ultrapassarem o tempo, decidiram tocar uma música só para não correr o mesmo risco. Por isso que o tempo de arrumação deve ser separado do tempo de apresentação para não prejudicar bandas com mais recursos.


A terceira banda foi a Naórbita, uma das finalistas. Quando o show começou com aquele reggaezinho a banda parecia bastante nervosa e ainda muito acanhada. Mas a grande torcida que compareceu foi esquentando o show que acabou com toda a banda pulando e interagindo muito mais intensamente. Faltou só um pouco mais de conversa com o público. A segunda música tinha ótimas idéias e uma mistura muito boa. Ora parecia rap, ora fica mais pesada e depois voltava pro refrão. Deu um diferencial muito bom que precisa um pouco mais de desenvolvimento a meu ver. Pois a tendência quando se mistura muitas coisas é ficar uma música meio sem noção. Mas com a banda ganhando maturidade pode compor músicas muito interessantes


Em seguida entrou a Censurado com um típico Rock/Metal. Muita energia e ótima presença de palco. O timbre da guitarra foi prejudicado como em todas as bandas que tentaram colocar uma distorção com um pouco mais de ganho naquele Onner maldito. A música própria executada tinha o punch do Heavy só que cantado em português (eu acho que era português porque na verdade não deu para entender muita coisa do que o vocalista falou, o que é normal no estilo) o que dá aquela cara de rock ao metal, porém faltou um pouco de musicalidade. Só porrada deixa o som meio vazio. Até nas bandas mais sujas rola música ali no meio. A segunda música do show teve o mesmo defeito. Eles deram um gás muito maneiro na música do Erasmo Carlos, só que esqueceram da melodia. Acho que poderiam manter a pancadaria sem abrir mão da melodia.


Depois do intervalo, foi uma seqüência de tirar o fôlego, um show melhor que o outro, lembro de ter comentado ao fim do show de cada uma das quatro bandas que passariam para a final. A Frutos do Mar fez um show tecnicamente perfeito. Começaram a tocar pouco mais de um minuto depois de terem subido ao palco e aproveitaram os quinze minutos quase inteiros. Emendaram uma música na outra sem deixar ritmo cair em nenhum momento do show. Já no repertório acho que eles erraram na primeira música. Achei aquele cover totalmente desnecessário (ainda mais pra quem não é flamenguista), e senti falta de Salsicha Maconheiro que executaram ano passado e era a música que eu mais gostava, deram só o gostinho com o refrão antes de acabar o show. Nas duas músicas seguintes, de autoria da banda (não tenho certeza pois eles não anunciaram), foi apresentado um Reggae de muita qualidade, principalmente na segunda, mas também aqui faltou aquele gostinho de ouvir uma coisa nova ou diferente. Lembro de achar que era um cover quando eles tocaram essa mesma música na final do ano passado. Mas passaram para final merecidamente em razão do show muito bem executado e da qualidade do som que apresentaram.


A The Brunos entrou no palco com um Bruno a menos, e acho que no final isso fez falta. Individualmente a banda foi a melhor que vi tocar até agora (como já tinha sido no ano passado), e a música da vovó também foi a melhor que ouvi (também executada no concurso anterior). Porém tiveram diversos problemas na apresentação e acabaram não passando para a final. O show já começou com uma microfonia absurda que durou bem uns dez segundos, e a voz e a guitarra não davam para ouvir direito no início da apresentação. Pessoalmente não gosto de ouvir um cover numa apresentação de duas músicas, e a segunda música do show achei desnecessária assim como a primeira da Frutos. Não lembro se o baterista cantava ano passado, ou se está cantando pela saída do outro integrante, mas achei que cantar o prejudicou. O andamento variava enquanto ele estava cantando, e ele não cantava tão bem assim a ponto de valer a pena esse sacrifício. O baixista fazia umas passagens bem difíceis no baixo cantando ao mesmo tempo, o que também atrapalha um pouco, principalmente na presença de palco. Não estou dizendo que ele não seja capaz de tocar e cantar ao mesmo tempo, mas um vocalista sem instrumento dá um gás bem maior na presença de palco. Mesmo com todos esses problemas queria ver a The Brunos na final pelo que sei que podem apresentar, porém o critério dos jurados foi outro.


A penúltima banda a subir ao palco foi a Persona. Tocaram duas músicas autorais e a segunda em especial era extraodinária. Também tiveram alguns problemas técnicos, que atrasaram a banda que acabou a apresentação aos 47 do segundo tempo. Aconteceu alguma coisa com a correia do violão do vocalista que acabou tocando sem correia mesmo. A presença de palco da banda me pareceu um pouco displicente, nem quando foi anunciado que a banda havia passado para a final o representante se animou muito. Pode ser um estilo Oasis de ser, no sentido de não darem muitos sorrisos na hora do show. Até por que o estilo da banda não era de ficar pulando pra lá e pra cá. Mas no final concordei com a classificação da banda pela qualidade das composições.


Quando achei que já estava tudo definido veio a Objetos Quebrados. Já tinha gostado da apresentação deles no ano passado, mas esse ano eles melhoraram bastante e acabaram como o show que mais gostei da noite, e em conseqüência do festival. Quando entrou aquelas três guitarras no palco eu não imaginava como podia caber dentro do estilo que eles apresentaram no ano passado. Mas acabou que ficou sensacional. Quando a música começou e eu vi aquele guitarrista abaixado fazendo uns barulhos esquisitos achei que ele não passava de um fanfarrão, mas quando a música foi se desenvolvendo foi o que deu o diferencial que tanto mencionei que faltava em outras bandas. A mistura dos timbres das guitarras foi perfeito, uma com overdrivezinho, uma mais clean e a outra naqueles efeitos bizarros que me pareceram um pitch. Só achei que a música ficou um pouco longa demais. Pra quem ta tocando é a maior onda ficar doze minutos só de piração, mas para os jurados isso pode ter feito a diferença. E o surdo é uma boa idéia que pode ser um pouco melhor aproveitada, dando um swing maior com uma levada diferenciada da bateria como faz o Nação Zumbi.


Espero que entendam que usei tanto critérios pessoais como levei em conta os critérios do concurso para avaliar as bandas.


Valeu e até a próxima!




Lino Amorim
Aluno de MPB/Arranjo da UniRio
Guitarrista da banda Brotherhood

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2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

impressão minha ou ninguém leu tudo?

18 outubro, 2008  
Blogger Gabriel Sardinha disse...

hauiHAIUuaihiaoUAiauiHIAU...

Eu li, mas com muito esforço.

18 outubro, 2008  

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