15 de dezembro de 2008

Devaneios sobre o fim de algo

Uma sensação densa de fracasso está me envolvendo. Passei um ano da minha vida lutando por um objetivo e agora, logo após ter feito tudo que poderia acerca disso, me sinto desapontada comigo mesmo. Me desculpem se isso soar como um desabafo, vou tentar canalizar as minhas decepções para o tema que o Lucas e a Bia já trataram anteriormente: o (fim do) ensino médio e as férias.
Essas férias devem ser um momento para mim de grande reclusão. Concordo que é uma época para se ler tudo aquilo que se tem vontade sem maiores preocupações, concordo que devemos ir à praia, ao cinema, arrumar alguém para dar uns beijos na boca, tomar uns porres, colecionar boas histórias e todo um resto. Devo dizer, porém, que, para mim, essas férias serão um momento de grande reflexão.
Os que me conhecem, mesmo que superficialmente, sabem da minha inclinação à erudição e ao questionamento. Não consigo encarar questões que envolvem mudanças de hábitos e de comportamentos sem antes bater um longo papo comigo mesma sobre o que isso significará, num curto prazo. Resumindo, não é normal para mim chegar ao final de um 'momento' e não ser invadida por uma tsunami de emoções e sensações e, a partir delas, produzir uma reflexão crítica sobre o que tudo significou e o que os novos tempos podem a vir significar.
O meu ensino médio, não diferente do de zilhares de jovens mundo a fora, foi ruim. Vivi meus momentos de alegria, tive experiências boas, me diverti e amadureci, mas as porradas que levei ao longo desses três últimos anos são as memórias que mais me marcaram. Os professores que não compreendiam uma certa coisa chamada "áreas de interesse", os alunos mesquinhos que se importavam em analizar meus pares de sapatos, os alunos mais velhos que pareciam me subestimar com olhares de reprovação a cada vez que cruzava seus caminhos... A escola é um ambiente hostil e cruel, mas nem de longe se compara com a vida aqui fora. As cicatrizes, as facadas e as grandes mágoas aconteceram longe dos portões da escola, longe do ambiente no qual, teoricamente, eu deveria formar o meu caráter. Os três anos que englobam o ensino médio, não bastasse toda a baboseira que somos obrigados a engolir da escola, são difíceis porque são os primeiros anos em que batemos de frente com o mundo.
Chegar ao fim da linha e perceber que, diferente de antes, o caminho não é mais uma infinita highway, reta, preparada para os oito mil giros e para os cento e vinte quilômetros por hora me assusta e me excita. O que antes era óbvio (acabou o jardim de infância? ensino fundamental. acabou o ensino fundamental? ensino médio.) agora se apresenta na minha frente como uma estrada recheada de bifurcações, caminhos tortuosos, lamacentos, pedrogosos, onde apenas aqueles que realmente desejam muito passar para a próxima etapa conseguem se sair bem-sucedidos.
O que quero dizer (me perdoem a confusão) é que estou feliz que tudo isso tenha acabado. Estou excitada e preparada para encarar os novos desafios que vêm pela frente, mas também tenho meus medos. O maior deles é não ser admitida para uma federal. É horrível para mim pensar que essa possibilidade é real, mas, como pessoa consciente das próprias ações, sei que fiz tudo o que poderia ter feito e espero ter meu trabalho reconhecido, apesar do visível desânimo que me abate nesse momento.
Só me resta, num momento desses, citar meu escritor preferido:

"meu pai queria que eu fosse um projetista mecânico, mas
eu decidi ser escritor
é fácil
apenas me sento e tiro a crosta de antigas feridas e espinhas
da minha vida
até que surge algo.
(...)
e meu pai queria que eu fosse um projetista mecânico
mas me agrada mais sentar aqui e escrever
qualquer coisa que eu queira enquanto
olho da a sacada para o porto de San Pedro
é fácil
todas as crostas de feridas e espinhas valeram a pena."

Charles Bukowski

**
ps. desculpem os erros de português

6 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Bukowski
é realmente foda.
muito bom o texto, concordo com boa parte delee e digo é esso aí.

mas vc passa sim, com certeza.^^

bjs rabanete.

15 dezembro, 2008  
Anonymous Anônimo disse...

o pessoal fala de férias mas sabe que a paz só chega mesmo com os resultados do vestibular...
até parece que até sair a aprovação alguém vai dormir sossegado...

15 dezembro, 2008  
Blogger Vivian Lee disse...

com certeza

15 dezembro, 2008  
Anonymous Anônimo disse...

-ai mei estomago.. u.u

15 dezembro, 2008  
Anonymous Anônimo disse...

-ai mei estomago.. u.u

15 dezembro, 2008  
Blogger Gabriel Sardinha disse...

Finalmente, entreguei tudo que faltava e também estou de férias.
\o/

18 dezembro, 2008  

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